domingo, 22 de junho de 2008

Manifesto Pós COMFUSÃO

Sexta feira, 13 de junho, foi uma data muito importante para mim. Plantei uma semente junto com meu amigo-companheiro profissional Alexandre Nero que se dá o nome de Comfusão, projeto que tem como objetivo pesquisar e discutir a estética abordada pela música e como outras linguagens artisticas podem contribuir para um processo de criação de um espetáculo musical.Pois bem, na sexta passada foi apresentado ao público o resultado desse projeto, que consistiu em 10 dias de criação e contou com a participação de pesos pesados nas artes: Andre Abujamra, Carmem Jorge, Gilson Fukushima, Paulo Biscaia Filho e Rettamozo.Acredito que o principal objetivo deste projeto foi alcançado, os artistas se despiram de seus preconceitos estéticos e sim, criaram, aceitaram o que um tinha a propor ao outro.. O que o publico viu importa sim, mas, mais importante de tudo é ter dado aos artistas a liberdade de criação, a possibilidade de criarem para si, de trocarem referências sem a obrigação de seguir padrões, de fazer bonitinho pra agradar a platéia. Opa! Melhor, poderem realizar este tipo de experimento e serem remunerados para tal. É neste ponto que eu gostaria de chegar.Primeiramente,respeito a liberdade de expressão e não tenho a intenção de ofender ninguém, mas sai do Paiol com uma bola na garganta, enfim.Pra quem não foi; Após a realização do resultado do processo do Comfusão, abrimos espaço para o publico comentar, questionar, se confundir conosco.Pra minha surpresa, infelizmente, caímos no mesmo questionamento, arte x produto. Por que a classe só se movimenta através de Lei de incentivo, por que a comissão é tão quadrada e não aprova projetos bons,enfim, por que a culpa é sempre dos outros e nunca nossa? Primeiramente, essa visão que a classe só se movimenta através de Lei é equivocada. Sou produtora cultural, lido com um bocado de artistas na cidade e essa colocação não procede. Segundo, só para lembrar, a Lei de incentivo é uma conquista da classe artística! Graças a ela temos a possibilidade de executar nossas idéias. Claro, a criação deve vir independente dela. Mas ela é ferramenta sim!! Por que não usufruir? Artista só é artista se não ganha dinheiro, se vive fudido?Me desculpem,mas romantismo não paga minhas contas. Vivemos num novo mundo, onde a maior luta é pela sobrevivência. Não somos maiores do que ninguém por sermos artistas! Acredito que os processos artisticos já foram muito revolucionários, ajudaram a construir o mundo em que vivemos. Mas revolução tem referência com falta de dinheiro? Precisamos de renovação, isso sim. Se o que constatamos em Curitiba são projetinhos qualquer nota, será que não está na hora de olharmos para nosso umbigo e nos coçarmos para as mudanças? Preguiça né? O que mais escuto por ai é : Quero gravar um cd. Pra que? Ah, sei lá... Ah, quero montar um espetáculo de um texto qualquer.. Pra que? Ah, sei lá.... Acho que o problema está na criação, não na ferramenta.Vivemos, não sei se infelizmente ou felizmente, numa selva burocrática. Tá na hora de aceitarmos isso e procurarmos investigar formas de sobreviver nela. Seja com arte, seja com que profissão for. Importante mesmo é fazer o que gosta, aí mora o romantismo.O resto, pra mim, é mera contradição.Espero que na próxima edição possamos discutir sobre estetica artistica! Pra quem tá insatisfeito com a Lei Municipal, conselho bacana: A Fundação Cultural de Curitiba funciona de segunda a sexta

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